31 de março de 2015
Crítica: No Lollapalooza, Jack White só falta fazer chover
Jack White vê a vida melhor no passado. E seu show é uma prova espelhada disso. A versão de “Power of love”, de Elvis Presley (de quem comprou recentemente a primeira gravação em vinil, por US$ 300 mil), a lembrança de Gene Vincent com “Baby blue”, o theremin, a steel guitar, o violino (de Lillie Mae Rische), as imagens em preto e branco no telão, tudo em sua apresentação no Lollapalooza BR, no Autódromo de Interlagos, neste sábado, cheirava a espírito senior, não fosse a incrível habilidade de White em renovar sonoridades, ferramentas e estéticas do passado.Seu blues rock selvagem, machão (mas não machista) serve para lembrar as novas gerações que o big bang do universo musical não foi causado pelo Passion Pit. Vindas de bem antes, partículas de Howlin” Wolf, Muddy Waters, Led Zeppelin (de quem recriou “The lemon song”), folk e country reconfiguram-se nos riffs da sua guitarra, na sua voz rascante e na pegada forte e pesada de sua banda (e como não com um baterista como Daru Jones?), produzindo trovões como “High ball stepper”, “Three women” e “Lazaretto”. Jack White, esse topetudo, é senhor das demandas. E, com mil raios, ele só faltou fazer chover em Interlagos.
Cotação: Bom.
O GLOBO (29/03/2015)