Você está em: Comunicação > Saiu na mídia

Saiu na mídia

23 de outubro de 2013

Festa de hard rock na Marginal Tietê

Por: Web Matser

Tags:

Ratt, Dokken e Buckcherry, além da dupla Aerosmith-Whitesnake, marcam o encerramento do Monsters of Rock em São Paulo.

Um domingo no parque do hard rock. Foi assim que se sentiram as 30 mil pessoas que esgotaram os ingressos para o segundo e último dia do festival Monsters of Rock, na Arena Anhembi, no Sambódromo paulistano. Aerosmith e Whitesnake, que já haviam tocado no Rio na sexta-feira, repetiram as boas performances, desta vez com vantagem para o segundo, enquanto nomes como Ratt e Dokken se apresentaram no Brasil pela primeira vez.

Na curta entrevista ao apresentador de rádio e TV americano Eddie Trunk — que veio a São Paulo para ser anfitrião do festival —, o cantor Don Dokken comemorava a estreia no Brasil e dizia que o país teria comprado 300 mil cópias de seu disco “Breaking the chains”, há 30 anos. A banda foi recebida com carinho pelo público que ainda chegava, sob sol forte, mas aquele sucesso, assim como “Alone again”, “Kiss of death” e outros, não pareceu ser muito do conhecimento dos fãs. Para piorar, Don parecia estar absolutamente sem voz, o que, mesmo com a competência da banda (especialmente o veterano baterista “Wild” Mick Brown), comprometeu o show.

O show seguinte foi o do sexteto prog-metal Queensrÿche, ou do que sobrou dele: atualmente, há duas versões da banda excursionando, e a que o Monsters viu foi a liderada pelo cantor Geoff Tate, com o guitarrista Kelly Gray e músicos contratados — os outros ficaram para o outro lado, na versão que tem Todd La Torre como vocalista. Apesar de contar com músicos do quilate do baixista Rudy Sarzo e do baterista Simon Wright, a banda mostrou falta de entrosamento, além de alguns problemas técnicos. Ainda assim, foi um alívio ver um cantor com a voz em dia, e o público acompanhou e aplaudiu músicas como “Silent lucidity”, “Empire” e “Eyes of a stranger”.

O sol ainda castigava os corpos embrulhados em camisas pretas quando uma banda com a formação estável e sem problemas técnicos surgiu: o Buckcherry, única atração do dia que não tinha sido formada nos anos 1970 ou 80, mostrou entrosamento perfeito, com o tatuadíssimo cantor Josh Todd sacudindo sua carcaça magra ao cantar “Lit up”, “All night long” e outras. A segurança da performance deixou no chinelo os shows anteriores, mas ainda falta ao Buckcherry um repertório mais consistente.
Finalmente a noite caiu, as luzes se acenderam e a maior novidade da noite surgiu: pela primeira vez em seus 30 anos de carreira, o quinteto Ratt se apresentava no Brasil. Depois de muitas idas e vindas na formação, a banda hoje conta com seu line-up clássico, a não ser pelo guitarrista Robbin Crosby, morto por complicações decorrentes da Aids em 2002. No lugar dele está um companheiro de geração dos outros músicos, Carlos Cavazo, o único da banda que já tinha tocado no Brasil, com o Quiet Riot, em 1985.

Com a voz rascante de Stephen Pearcy em plena forma (e o som em um volume altíssimo), o Ratt abriu os trabalhos com “Wanted man”, levando o domingo a um novo patamar, com a segurança dos músicos somada à qualidade do repertório. O público, se não conhecia algumas músicas, foi se rendendo e, quando chegou a série de hits que marcou a segunda metade do show, já se encontrava totalmente entregue, cantando os refrãos de “Lay it down”, “You’re in love” e, principalmente, “Round and round”, que fechou um show redondo, capitaneado por Pearcy e pelo fantástico guitarrista Warren DeMartini.
Casa lotada, lua cheia no alto do céu, era a vez da dupla que se apresentou na Praça da Apoteose, no Rio, na última sexta-feira, sob chuva. Com a mesma camisa branca decorada com uma bandeira do Brasil do show carioca, o cantor David Coverdale, ao contrário do que tinha feito, não economizou nos agudos: soltou a voz e se deu bem. À frente de uma das formações mais sólidas dos 35 anos de história da banda, Coverdale comandou o mesmo set do Rio, levando o público a cantar clássicos como “Love ain’t no stranger”, “Slow and easy” e “Still of the night” e ainda puxando uma versão à capela da linda balada “Soldier of fortune”. Se, entre dois belos shows, a sexta foi do Aerosmith, o domingo era do Whitesnake antes mesmo de começar o show principal.

Não que Steven Tyler e Joe Perry não tenham suado as camisas e lenços coloridos: com todas as passarelas ao seu dispor, o Aerosmith mostrou parte de sua coleção de sucessos, variando entre os rocks dos anos 1970 (“Back in the saddle”, “Toys in the attic”) e as canções mais comerciais das décadas seguintes (“What it takes”, “Livin’ on the edge”, “Don’t wanna miss a thing”) com a mesma perícia do show de 48 antes. Talvez, por pegar um público mais cansado, depois de oito horas de som, várias delas sob sol forte, o grupo não tenha causado o mesmo impacto da sexta-feira, quando entrou chutando a porta da Apoteose. O set paulistano teve algumas mudanças, como a saída de “Janie’s got a gun” para a entrada de “Pink” e a citação a “Whole lotta love”, do Led Zeppelin. Depois do bis, com “Dream on” e “Sweet emotion”, a segunda-feira já dava as caras (era cerca de 1h) e o público, satisfeito, deixava o Anhembi com um sorriso no rosto.

Bernardo Araújo – oglobo.com (21/10/13).

  • Marca SP