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Saiu na mídia

22 de outubro de 2014

São Paulo caminha para explorar e incentivar ecoturismo na cidade

Por: Web Matser

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“Nossa previsão é que, em no máximo cinco anos, 12 mil pessoas estejam empregadas no ecoturismo de São Paulo. Hoje são cinco mil postos de trabalho”. A expectativa é de Roberto Carlos da Silva, membro do Conselho Gestor do Polo de Ecoturismo de São Paulo e diretor executivo da Silcol Ecopousada, empreendimento que está no extremo Sul de São Paulo, em Engenheiro Marsilac, há 24 anos.

As contas de Silva têm um motivo: o item do Plano Diretor Estratégico (PDE) que prevê incentivar o ecoturismo na cidade.

Destoando da identidade dominante da capital paulista, reconhecida pela estrutura de concreto, a zona rural de São Paulo tem atrativos de sobra para gerar não só recursos para o município, mas também benefícios ambientais. Entre os bairros que compõem a região estão, por exemplo, Parelheiros, Ilha do Bororé, Marsilac e Capela do Socorro, no extremo sul da capital.

A Silcol faz parte desse cenário de contraste na cidade, ao lado de mais 170 empresas, aproximadamente, de acordo com Silva, que investem no turismo ecológico em São Paulo, mas que criticam a falta de estrutura e apoio para alavancar a atividade.

O PDE, que busca direcionar os passos de São Paulo nos próximos anos, trouxe a orientação, que se juntou às ações que têm sido, há alguns meses, desenvolvidas na zona rural da cidade, como cita Silva. “As políticas começaram a acontecer com a aprovação do Plano Diretor e a Lei do Polo Turístico. Temos hoje, executadas pelo município, o início da sinalização turística, cursos de capacitação da mão de obra local, acesso a pequenas linhas de crédito para os empreendimentos turísticos e, em breve, teremos um plano de marketing desenvolvido com a SPTuris”, assinalou.

A coordenadora de projetos turísticos da São Paulo Turismo (SPTuris), Raquel Vettori, comenta a região. “Poucos sabem, mas 1/5 do território da cidade de São Paulo é recoberto por duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs): Capivari-Monos e Bororé Colônia. Nesses locais, o visitante se depara com uma impressionante biodiversidade, muitos quilômetros de mata atlântica intocada, rios de águas límpidas e cachoeiras, além de comunidades indígenas com suas tradições, cultura, crenças e história. O que precisamos fazer agora é unir esforços de diversas pastas municipais para transformar o local em um atrativo turístico”, indica.

Para alavancar o ecoturismo na região, o Plano Diretor não cita os meios, mas a comunidade local e professores da área sabem bem o que é preciso ser feito, como cita a vice coordenadora do curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria José Giaretta. “É uma área carente de muitas coisas, que precisa de transporte, segurança, estacionamento, aprimorar as condições de limpeza, sinalização e recuperação de centros de lazer. É preciso melhorar as condições de vida para quem lá vive antes de pensar no desenvolvimento do ecoturismo”, analisa.

Economia e sustentabilidade
Para o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, José Goldemberg, incentivar a atividade é uma maneira de movimentar a economia e, também, reduzir os danos na natureza. “O ecoturismo contribui para a preservação ambiental ao aproximar a população da natureza. As ideias antigas de proteger uma região atraente colocando uma cerca em torno dela e preservá-la como se fosse um zoológico não deram certo. Em geral, levam a um abandono da região. Já o ecoturismo atrai o comércio local. Se a área se degradar, os clientes desaparecem”, comenta.

A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo e professora da PUC-SP, Vilma Campanha, concorda com Goldemberg. “O ambiente urbano pode se utilizar da ferramenta do ecoturismo, que deve ser entendido como o ramo do turismo que utiliza os recursos naturais e culturais e contribui para conservá-los. Visa, sobretudo, desenvolver o respeito pela natureza, promovendo o bem-estar das populações locais”, analisa.

Roberto Silva, da Silcol Ecopousada, demonstra a visão dos investidores locais. “Os empresários já atuam nessa área há três décadas, mas não tinham nenhum apoio do poder público, tanto na captação de mão de obra, como na acessibilidade, manutenção das estradas rurais, garantia de segurança e sinalização. Agora, a expectativa é de geração de emprego e renda para a comunidade”, cita.

De acordo com Silva, as empresas da região já se preparam para os impactos positivos do Plano Diretor e das ações desenvolvidas na zona rural paulistana. “Acreditamos que, com o aumento da demanda turística, precisaremos ampliar nossa infraestrutura. Cerca de 80 associados da região já preveem que terão uma demanda muito boa”, estima.

Para que a expectativa seja alcançada, Silva cita, entre tantas ações esperadas, o ‘embelezamento’ da região. “Temos 15 bairros turísticos criados que precisam de embelezamento e resgate das partes cultural e histórica”. Ele sugere, ainda, a manutenção das estradas de terra, desde que permitam o acesso sem dificuldades.

O que está por vir
Raquel Vettori, da SPTuris, comenta que o primeiro passo já foi dado, com a criação, em janeiro, do Polo de Ecoturismo de São Paulo, que abrange os distritos de Parelheiros, Marsilac e a Ilha do Bororé. “Recentemente, após pesquisa com a população local, foi lançada a Marca do Polo de Ecoturismo de São Paulo. Em dezembro, a SPTuris lançará um site que reunirá todas as informações necessárias para que o turista e o paulistano planejem sua visita à região. O plano de ações abrange, ainda, inúmeros outros projetos, como a construção de ciclovias, regularização mecânica das vias, melhorias no Posto de Informação Turística, capacitação dos empresários e mão de obra local, feira de produtos orgânicos e outros”.

Para as ações serem, de fato, aplicadas na região em prol do ecoturismo, Goldemberg, da FecomercioSP, sugere participação local. “A participação da comunidade local é importante e se dá através de associações de moradores – os mais interessados na preservação – e de comerciantes, que precisam oferecer serviços adequados”, indica.

A professora da PUC, Vilma Campanha, complementa. “Sugiro que os gestores do Plano Diretor providenciem a criação de uma Comissão atuante e proativa, que pense seriamente o avanço do ecoturismo na Região Metropolitana de São Paulo, para o detalhamento da proposta, indicando os agentes responsáveis pelo desenvolvimento de um Plano de Ação sobre o assunto. Só ficar no PDE não resolve nada. Tem que ser dado um passo adiante”, sugere. Além disso, Vilma acredita que o ecoturismo pode ir além da zona rural da cidade, ganhando espaço, também, com parques lineares por São Paulo.

FECOMERCIO (21/10/2014)

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